quarta-feira, 27 de junho de 2012

O Aprendiz - Parte 1


"O Aprendiz: Quando a Vida é Outra" é a história de um jovem que vê a vida mudar quando seus pais, seus amigos e sua vida não é mais a mesma. E é através da vida, a verdadeira vida, que o faz ver o mundo de uma maneira diferente. Do rico ao pobre, do poder a fraqueza, da paz a guerra. Venha se aventurar numa história onde a reflexão vai trazer novas visões do dia-a-dia de um jovem e sua versões do bem e do mal da vida.
A história estará dividida em partes. E cada parte trará uma aventura intrigante e diferente de tudo aquilo que você já ouviu, viu e sentiu.



Capítulo 1: A Vida como era
Numa noite qualquer, sentado com os olhos entreabertos e um sorriso simpático com os meus velhos amigos da faculdade. À beira de um barzinho, “cabulando” aula, viajei em pensamentos longínquos, me evadi mentalmente. Isentei-me de sentimentos básicos: alegria tristeza, vaidade humildade... e me atentei a tudo que o meu simples ser se atinha. Formei sentidos evasivos e me incomodei com uma simples palavra: “Despreocupação”. Emaranhado de sensações, poder, altivez, e perturbado pelo meu próprio ego, me ausentei da conversa corriqueira de meus amigos. Era sempre baseada nas mesmas coisas; viagens, mulheres, carros, baladas e tecnologias compradas no exterior. Essas eram algumas das falas mais importantes e comuns de uma conversa de jovens marcados pelo dinheiro de seus pais e sua exatidão do futuro já tão promissor desenvolvido pela família, mas íntimo pela facilidade das grandes realizações diárias que todos irão viver.
Embriagado pelas palavras sem entendimento, cochilando nos meus próprios pensamentos, senti o principal meio de comunicação das minhas vazias palavras, um tanto quanto cheio. Levantei o rosto para ter maior certeza de tal sentido que minha língua acabara de ter e, mesmo baseado em informações mentais, racionais ou irracionais, me atentei a minha boca e tudo que rodeava dentro dela.
Não havia sentido nada tão incomum desde meus 3 para 4 anos, quando o meu primeiro dente de leite, mole, balançava com toda a força da minha língua. Que de um lado para o outro, parecia um pêndulo a ponto de despencar do teto. Naquela época eu era novo, estava aprendendo várias coisas a respeito da vida, tudo para mim era novidade. Minha mãe sempre dizia que nasceria outro no lugar - outro definitivo. Isso não me deixava calmo. Muitas às vezes eu pensei que, comigo poderia ser diferente. Na história da minha vida, Deus poderia ter se esquecido de mencionar a reposição do meu dente. A falta de um para colocar outro. Será? Mesmo assim, esperei. Com o passar do tempo, nasceu outro.
Mas, como poderia ele se ausentar agora, depois de 17 anos? No auge da minha beleza viril, no período de maior azaração e encontros intermináveis com grandes beldades femininas e, na melhor idade da minha vida de maior atividade sexual? Como poderia acontecer?
A sensação de perda era forte, não conseguia pensar em outra coisa. Com medo que caísse, sem forçar muito com a língua, deixei que ele próprio tivesse vida própria. E teve. De repente, sem barulho e sem eu querer, caiu na minha língua. Levantei a mão e, direcionando, abri a boca e ali caiu ele, branco e inteiro.
Diante dele, fiquei sem ação. Aquele sentido evasivo da mente que tive antes dele cair tornou-se dramático, baseado no suspense de clássicos filmes de mortes de animais de estimação, doenças e mortes de pessoas amadas depois de muitos momentos cômicos, mas enfatizados pelo drama e o desfecho no sentimento de perda.
Voltei a sentir os mesmos incômodos na boca. Minha língua rodeava. Assustado, confirmei a teoria que eu não estava nada bem. Com meus dentes e tudo que estava dentro da minha boca. E numa outra cuspida, mais um dente. Depois, mais alguns. Olhei para as minhas mãos e depois de várias cuspidas, saíram vários dentes. Meus dentes não pertenciam mais a minha boca, ou seja, não pertenciam mais a mim. Quando dei por mim, estava banguela.
Já eram 9 horas, acordei assustado. Minha mãe já estava na porta do meu quarto me chamando para tomar o café da manhã. O sol já raiava da minha janela. E esta manhã de outono pareceu mais radiante do que os outros dias, quando instintivamente coloquei a mão na boca e conferi todos os espaços preenchidos da gengiva com os meus dentes que se encontravam ali mesmo, fortes e rijos. Como se não houve acontecido, nada que provocasse tamanho pesadelo nesta noite de sono que eu acabara de ter. Ainda bem que foi apenas um sonho.

>>> Continua.

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