"O Aprendiz: Quando a Vida é Outra" é a história de um jovem que vê a vida mudar quando seus pais, seus amigos e sua vida não é mais a mesma. E é através da vida, a verdadeira vida, que o faz ver o mundo de uma maneira diferente. Do rico ao pobre, do poder a fraqueza, da paz a guerra. Venha se aventurar numa história onde a reflexão vai trazer novas visões do dia-a-dia de um jovem e sua versões do bem e do mal da vida.
A história estará dividida em partes. E cada parte trará uma aventura intrigante e diferente de tudo aquilo que você já ouviu, viu e sentiu.
Capítulo 1: A Vida como era
Numa noite
qualquer, sentado com os olhos entreabertos e um sorriso simpático com os meus velhos
amigos da faculdade. À beira de um barzinho, “cabulando” aula, viajei em
pensamentos longínquos, me evadi mentalmente. Isentei-me de sentimentos
básicos: alegria tristeza, vaidade humildade... e me atentei a tudo que o meu
simples ser se atinha. Formei sentidos evasivos e me incomodei com uma simples palavra:
“Despreocupação”. Emaranhado de sensações, poder, altivez, e perturbado pelo
meu próprio ego, me ausentei da conversa corriqueira de meus amigos. Era sempre
baseada nas mesmas coisas; viagens, mulheres, carros, baladas e tecnologias
compradas no exterior. Essas eram algumas das falas mais importantes e comuns
de uma conversa de jovens marcados pelo dinheiro de seus pais e sua exatidão do
futuro já tão promissor desenvolvido pela família, mas íntimo pela facilidade
das grandes realizações diárias que todos irão viver.
Embriagado
pelas palavras sem entendimento, cochilando nos meus próprios pensamentos,
senti o principal meio de comunicação das minhas vazias palavras, um tanto
quanto cheio. Levantei o rosto para ter maior certeza de tal sentido que minha
língua acabara de ter e, mesmo baseado em informações mentais, racionais ou
irracionais, me atentei a minha boca e tudo que rodeava dentro dela.
Não havia
sentido nada tão incomum desde meus 3 para 4 anos, quando o meu primeiro dente
de leite, mole, balançava com toda a força da minha língua. Que de um lado para
o outro, parecia um pêndulo a ponto de despencar do teto. Naquela época eu era
novo, estava aprendendo várias coisas a respeito da vida, tudo para mim era
novidade. Minha mãe sempre dizia que nasceria outro no lugar - outro
definitivo. Isso não me deixava calmo. Muitas às vezes eu pensei que, comigo
poderia ser diferente. Na história da minha vida, Deus poderia ter se esquecido
de mencionar a reposição do meu dente. A falta de um para colocar outro. Será?
Mesmo assim, esperei. Com o passar do tempo, nasceu outro.
Mas, como
poderia ele se ausentar agora, depois de 17 anos? No auge da minha beleza
viril, no período de maior azaração e encontros intermináveis com grandes
beldades femininas e, na melhor idade da minha vida de maior atividade sexual?
Como poderia acontecer?
A sensação de
perda era forte, não conseguia pensar em outra coisa. Com medo que caísse, sem
forçar muito com a língua, deixei que ele próprio tivesse vida própria. E teve.
De repente, sem barulho e sem eu querer, caiu na minha língua. Levantei a mão
e, direcionando, abri a boca e ali caiu ele, branco e inteiro.
Diante dele,
fiquei sem ação. Aquele sentido evasivo da mente que tive antes dele cair
tornou-se dramático, baseado no suspense de clássicos filmes de mortes de
animais de estimação, doenças e mortes de pessoas amadas depois de muitos
momentos cômicos, mas enfatizados pelo drama e o desfecho no sentimento de
perda.
Voltei a sentir
os mesmos incômodos na boca. Minha língua rodeava. Assustado, confirmei a
teoria que eu não estava nada bem. Com meus dentes e tudo que estava dentro da
minha boca. E numa outra cuspida, mais um dente. Depois, mais alguns. Olhei
para as minhas mãos e depois de várias cuspidas, saíram vários dentes. Meus
dentes não pertenciam mais a minha boca, ou seja, não pertenciam mais a mim.
Quando dei por mim, estava banguela.
Já eram 9
horas, acordei assustado. Minha mãe já estava na porta do meu quarto me chamando
para tomar o café da manhã. O sol já raiava da minha janela. E esta manhã de
outono pareceu mais radiante do que os outros dias, quando instintivamente
coloquei a mão na boca e conferi todos os espaços preenchidos da gengiva com os
meus dentes que se encontravam ali mesmo, fortes e rijos. Como se não houve
acontecido, nada que provocasse tamanho pesadelo nesta noite de sono que eu
acabara de ter. Ainda bem que foi apenas um sonho.
>>> Continua.
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